Você já se perguntou o que o futuro reserva para as taxas de juros no Brasil?
Quando se trata de investir ou financiar algo, essa é uma questão que costuma fazer muitas pessoas errarem feio, confiando nas famosas dicas do amigo, do youtuber preferido, ou até mesmo do gerente do banco, ou qualquer outro “especialista” que muitas vezes trabalha para uma instituição que visa lucro e não necessariamente oferecerá o melhor produto em termos de taxas e risco-retorno.
Afinal, estamos navegando em águas incertas e turbulentas, e embora seja impossível saber o futuro, temos o caminho, a direção. No entanto, qualquer evento significativo, não só no Brasil mas no mundo, pode fazer esse caminho se alterar, dar uma volta de 180 graus, e é aí o perigo em não conseguir desfazer uma operação, seja de investimento ou financiamento e assim perder muito dinheiro. Nessa situação, temos outras ferramentas de proteção, os hedges, assuntos para outro post, ok?
Mas não entre em pânico! Embora prever o futuro dos juros seja algo como prever os números da loteria, a diferença é que temos ao nosso alcance uma bússola relativamente confiável que nos ajuda a navegar nesse mar turbulento: os Juros Futuros.
Mas afinal o que são esses Juros Futuros?
Vamos avançar um pouco mais?
DI, a abreviação de Depósito Interfinanceiro, é uma taxa de juros que serve como referência para diversos produtos financeiros no mercado brasileiro. O DI Futuro, por sua vez, é um contrato negociado na bolsa de valores que permite comprar ou vender a expectativa dessa taxa para o futuro. Em outras palavras, é uma forma de se proteger de possíveis mudanças na taxa de juros.
Um exemplo disso é o contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2027 (DI1F27), que em um dia qualquer fechou com uma cotação de 10,80%. Isso indica que, segundo o mercado, a média da taxa DI será de 10,80% ao ano até o vencimento. Lembrando que estes contratos são negociados diariamente e sofrem variações.
E por que alguém usaria o DI Futuro? Bem, como vimos, ele é útil para proteger operações futuras contra grandes oscilações na taxa de juros. Por exemplo, se um investidor espera uma alta na taxa de juros, pode vender um contrato futuro para converter uma taxa pós fixada em prefixada, e vice-versa se espera uma baixa na taxa.
Em suma, o contrato futuro de DI é uma ferramenta valiosa para proteger investimentos e entender as expectativas do mercado para o cenário econômico futuro.
Como podemos usar os Juros Futuros na prática
Mesmo que não vamos comprar ou vender esses contratos de DI, podemos usar essa informação ao nosso favor, não é mesmo?
Quando pensamos em planejar o futuro, é essencial ir além do horizonte imediato. Podemos imaginá-los como uma bússola que guia os navegantes durante a noite escura. Eles refletem as expectativas do mercado sobre os juros nos próximos meses e anos, oferecendo uma visão mais clara das tendências de curto, médio e longo prazo.
Então, como podemos aplicar isso na prática? Em vez de focarmos em um contrato específico com uma data de vencimento determinada, podemos analisar várias cotações de diferentes contratos e traçar um gráfico que represente as negociações ao longo do tempo. Isso nos permite visualizar a evolução das expectativas de mercado de forma mais abrangente. É a nossa linha do tempo!
Para ilustrar isso, podemos observar um exemplo real da Curva de Juros Futuros.
Um exemplo real da Curva de Juros Futura
Agora, vamos considerar os dados gerados em 22/04/24 durante as negociações. Nesta data, a Taxa Selic estava em 10,75% aa, representada pela linha azul do gráfico. Na linha laranja, temos as negociações pelo mercado financeiro dos contratos das taxas de juros futuros, ou seja, dos DIs.
Cada taxa é um contrato negociado pelo mercado para uma determinada data. Conforme o gráfico avança, os prazos são maiores, ok? Então, temos as taxas negociadas ao longo de vários anos.
Por exemplo, para maio/24, os juros mais próximos, estão sendo negociados em 10,66%aa, enquanto para dezembro de 24, estão em 10,32% aa.
O que isso quer dizer? Que o mercado está prevendo, ou melhor, negociando os juros para dezembro deste ano em 10,32% aa. Assim, podemos concluir que, se nada muito anormal ocorrer, esses serão os juros do Brasil, a Taxa Selic, ao final de 2024. E o gráfico estende essa previsão para os anos seguintes, até 2035.
É importante ressaltar que as taxas de juros futuros não são meras adivinhações; são o resultado das negociações reais no mercado financeiro. Elas refletem as expectativas das instituições e já estão precificando nas negociações os riscos, sendo uma ferramenta valiosa para orientar as decisões financeiras.
Agora ficou mais fácil saber como estarão as taxas de juros ao longo do tempo, não é?
Vamos evoluir e fixar a análise?
Para ilustrar como é possível tomar decisões com “certa previsibilidade”, especialmente no curto prazo, utilizando a curva de juros futuros, vamos comparar dois períodos do DI Futuro.
Primeiramente, observamos os dados reais de 03/07/2024 (na cor branca) e, em seguida, os de 09/08/2024 (na cor verde). Assim, deixei alguns espaços em branco nas datas para facilitar a visualização dos anos.
Então, ao comparar os dados de 09/08/2024 com os de 03/07/2024, notamos que o mercado está negociando uma queda nas taxas até dezembro de 2024. No entanto, para 2025, o mercado está negociando uma alta nas taxas, enquanto, a partir de 2026, há uma projeção de queda em relação à estimativa anterior de 03/07/2024.
É importante destacar que essas quedas e aumentos mencionados são uma comparação entre as posições de julho e agosto de 2024. A taxa Selic, no momento da análise, estava em 10,50% ao ano (linha vermelha). Portanto, observe que, tanto em julho quanto em agosto, as taxas negociadas pelo mercado, quando comparadas com a Selic, indicam uma tendência de alta.
Assim, podemos tirar uma série de conclusões importantes para análises de investimentos futuros. Por exemplo, com base apenas nesses dados, realizar uma aplicação em taxas prefixadas pode não ser a melhor opção, uma vez que o mercado projeta e negocia taxas mais elevadas para o futuro. Além disso, nesse cenário, não é o momento ideal para fazer aplicações com intenção de “especular” a marcação a mercado, visto que, à medida que as taxas se elevam, os preços dos títulos que sofrem marcação a mercado negativa e provavelmente tendem a se desvalorizar.
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Veja como uma simples aplicação em Renda Fixa (que na prática, não é fixa), como o Tesouro Direto, que tecnicamente é o mais seguro do país, pode, por um simples desconhecimento da Marcação a Mercado, e escolher o título errado, fazer com que o investidor inexperiente fique no negativo por alguns anos.
Aproveitando as Oportunidades do Mercado
Para ilustrar ainda mais, considere três situações: a compra de um carro daqui a 2 anos, o planejamento da aposentadoria para daqui a 5 anos e a aquisição de um imóvel em uma década.
Então, imagine que você esteja pensando em comprar um carro financiado daqui a 2 anos. Ao analisar a curva de juros futuros, você pode verificar se as taxas estão projetadas para aumentar ou diminuir durante esse período. Essa informação pode ajudá-lo a decidir o momento ideal para fechar o negócio, economizando dinheiro no longo prazo.
Agora, pense em seu plano de aposentadoria, que você planeja concretizar daqui a 5 anos. Ao avaliar as taxas de juros futuros, você pode estimar como essas taxas afetarão seus investimentos e a acumulação de patrimônio ao longo do tempo. Isso é crucial para garantir que seu plano de aposentadoria esteja alinhado com suas metas financeiras e estilo de vida desejado no futuro.
Por fim, considere a compra de um imóvel para daqui 1, 2 ou 3 décadas. Com a mesma análise das taxas de juros futuros, você pode ter uma ideia de como as taxas podem impactar o financiamento imobiliário no curto, médio e a longo prazo. Isso permite que você tome decisões mais informadas sobre quando e como entrar no mercado imobiliário, maximizando seu retorno sobre o investimento.
Conclusão
Ao olhar o que o mercado está realmente fazendo, a referência fica mais sólida, e não apenas baseada em suposições ou opiniões isoladas. Isso nos permite guiar os investimentos de acordo com as tendências reais do mercado, não com o que dizem por aí.
Em resumo, embora não possamos prever com precisão o que o futuro nos reserva, podemos usar as taxas de juros futuros como nossa bússola confiável, guiando-nos em meio às incertezas do mundo financeiro. Com uma compreensão clara desse indicador, e evoluindo nos estudos das finanças, é possível navegar com confiança rumo a um futuro financeiro mais seguro e próspero
Assim, se você quer saber mais sobre esses movimentos de taxas, montar estes gráficos e como aproveitar ganhos fantásticos com essas oscilações e ciclos da economia, dê uma olhada em nossa formação de finanças pessoais.
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