Inflação: Realidade x Mito

Quando sai aquela notícia que a inflação do mês foi de “surpreendentes” 0,16%, qual a primeira coisa que você pensa? Você acredita que a inflação realmente foi 0,16% no mês todo? Pois é! Tem alguma pegadinha aí? Fim de ano e o Natal chegando, e os brasileiros vão ao mercado esperando comprar produtos para aquela ceia farta… e se deparam com surpresas: preços disparando 20%, 50%, 100%, 200%! E o Governo fala em 0,56% de inflação?

Vamos lá, por exemplo, segundo o IBGE, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), ou seja, o índice de inflação oficial do Brasil, de março-24 foi de 0,16%. No ano, o IPCA acumula alta de 1,42% e, nos últimos 12 meses, de 3,93%. Vou usar os dados de março, já que estou com uma tabela pronta que apresentei para meus alunos, mas a ideia é a mesma para qualquer mês, tudo bem?

Assim, se avançarmos mais na composição dos dados, conforme a metodologia do IBGE, dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 6 tiveram alta em março. A maior variação (0,53%) e o maior impacto (0,11 p.p.) vieram de Alimentação e bebidas. Na sequência, veio o grupo Saúde e cuidados pessoais (0,43% e 0,06 p.p.).

No campo negativo, destaca-se a queda de Transportes (-0,33% e -0,07 p.p.). Os demais grupos ficaram entre o -0,13% de Comunicação e o 0,33% de Despesas pessoais. Ou seja, os preços reduziram!

Novamente lembrando que esta análise pode ser feita em qualquer mês. Por exemplo o IPCA oficial de out/2024 é de apenas 0,56% e o acumulado em 12 meses de apenas 4,76%. Mesmo um pouco mais alto do que o exemplo dado, ainda parece não refletir a vida real, não é?

Análise Detalhada da Alimentação e Bebidas

Para facilitar, e você entender melhor, fiz uma tabela com os 9 Grupos avaliados pelo IBGE e coloquei na ordem da maior variação para a menor referente ao mês de Março de 2024. Veja a composição da tal variação de 0,16% em Março. Alimentação sofreu a maior variação com 0,53%, depois Saúde com 0,43%, e assim em diante conforme a tabela abaixo.

Se avançarmos mais ainda, por exemplo, conforme o IBGE, em Alimentação e bebidas (0,53%), a alimentação no domicílio desacelerou de 1,12% em fevereiro para 0,59% em março. Destacam-se as altas da cebola (14,34%), do tomate (9,85%), do ovo de galinha (4,59%), das frutas (3,75%) e do leite longa vida (2,63%). Ou seja, se entrar nos detalhes de cada grupo, é possível verificar o que, e quanto está variando os preços. Mas, mesmo assim, a conta parece não fechar, não é? Vamos avançar um pouco mais!

Inflação Pessoal: A Percepção Individual

Ora, a realidade de alta nos preços são muito maiores que a inflação oficial divulgada de 0,16% não é? Como a inflação foi somente de 0,16%?

Neste caso precisamos considerar os PESOS de cada item na metodologia de cálculo do IBGE, ou seja, no exemplo da Alimentação e bebidas, o que compõe este grupo? Vinho? Água? Picanha? Peixe? Dependendo da composição e Pesos é possível alterar a média final. Então o erro estaria, propositalmente ou não, nos pesos dados a cada produto?

E aqui entra um outro ponto muito importante que Economistas e o próprio IBGE, explicam que existe a tal INFLAÇÃO PESSOAL, ou seja, a inflação que VOCÊ PERCEBE é DIFERENTE da INFLAÇÃO que EU PERCEBO. Ficou confuso? Vou explicar de forma bem simples.

Exemplo Prático da Inflação Pessoal

Agora, imagine que você é um estudante universitário que gasta a maior parte do seu dinheiro em refeição, transporte e livros. Agora, vamos supor que o valor do sanduíche no refeitório da universidade aumentou de R$ 8,00 para R$ 10,00 (25% de aumento), e o valor da passagem de ônibus que você usa para ir para a faculdade aumentou de R$ 5,00 para R$ 6,00 (20% de aumento), mas o valor dos livros que você compra para as aulas permaneceu o mesmo.

A inflação oficial, medida pelo IPCA, não vai refletir completamente esses aumentos destes preços porque inclui uma variedade de itens que formam aquela cesta com os respectivos Pesos. No entanto, para você, como estudante, esses aumentos de preços são muito perceptíveis e têm um grande impacto em seu orçamento. Mesmo que a inflação oficial seja baixa, de 0,16%, sua inflação pessoal foi alta porque os preços dos itens que você mais compra aumentaram consideravelmente.

Portanto, a inflação pessoal é como você percebe e sente os aumentos de preços em relação aos produtos e serviços que você compra regularmente, enquanto a inflação oficial é uma média de todos os preços na economia. Entendeu?

Faz sentido isso para você? Será que a percepção da Inflação para uma pessoa que consome muito aquele churrasquinho de Picanha para uma pessoa Vegana ou Vegetariana é igual? Segundo a metodologia de cálculo do IBGE, não é, já que a Picanha tem um peso e produtos vegetarianos ou veganos tem outro peso. Aliás, nem todos os produtos compõe as cestas de análises.

A inflação divulgada é verdadeira?

Agora que você já entendeu o contexto, o ponto central é o seguinte: os dados divulgados são manipulados por parte do Governo ou por empresas a ele vinculadas? Aqui, cabe a opinião pessoal de cada um. Um dos investidores mais expressivos da B3 (Bolsa de Valores do Brasil) acredita que, de fato, os dados divulgados são manipulados. Essa afirmação está disponível publicamente na internet. Aliás, eu também compartilho dessa opinião. No entanto, como os dados de Inflação são os dados oficiais do Governo, não temos muito o que questionar, mas sim “aceitar a situação” e procurar formas de minimizar os prejuízos decorrentes disso.

Conforme abaixo, com a cotação dos Títulos do Tesouro em 10/04/24 as 14:02h, (que é um meio do financiamento da Dívida do Governo), note que o Governo Paga o IPCA + um percentual.

Então, o que acontece com a Dívida do Governo se o IPCA aumentar? Por exemplo, o divulgado no acumulado de 12 meses de 3,93% para 10%? Ora, vai aumentar muito a Dívida do Governo e isso é péssimo para a reputação. Então, além de outros problemas, seria interessante divulgar uma inflação alta?

Para fins de comparação, em 03/12/24 as taxas para financiar as dívidas do Governo Brasileiro estão aumentando muito devido ao descontrole fiscal. O IPCA de 2029 passa de 5,81% para 7,15%, para 2035 de 5,91% para 6,89% e para 2045 de 5,98% para 6,81%. Veja como nosso país é muito instável. Pensando em investimentos de renda fixa, e sem outra opção oficial, é uma excelente taxa no contexto atual.

Além disso, aproveitando em falar em investimentos, temos uma formação completa em finanças pessoais. Já conhece? NÃO!!! Já vou falar daqui a pouco. Mas antes quero aprofundar mais no tema da inflação para entregar um excelente conteúdo para você, tudo bem?

Desvalorização do Real ao longo do tempo

Para te ajudar a entender melhor, vou compartilhar alguns dados públicos, mas que poucas pessoas realmente conhecem. E, para facilitar ainda mais, vou colocar esses dados em gráficos também.

Desde que o Plano Real foi implantado, em julho de 1994, até outubro de 2024, a inflação acumulada nesse período chegou a 720,78%. Isso é um aumento bastante significativo, não é?

Além disso, o Real perdeu 88,12% do seu valor por causa da inflação. Para simplificar, isso quer dizer que R$ 100,00 em julho de 1994 hoje valem apenas R$ 11,88 em outubro de 2024. Impressionante, não é mesmo?

Agora, veja no gráfico abaixo a linha vermelha, que vai decrescendo ao longo do tempo. Isso representa o Real perdendo valor devido à inflação. Para facilitar, comecei com um valor inicial de R$ 100,00 em julho de 1994 e, à medida que a inflação foi sendo deduzida mês a mês, chegamos a R$ 11,88 em outubro de 2024. Como você pode perceber, a linha vermelha ilustra claramente essa perda de valor ao longo dos anos.

Agora, me diz: o que você acha disso tudo? Vale lembrar que, como já falamos sobre a possibilidade de manipulação dos dados da inflação, aqui, estamos considerando apenas os dados oficiais. Esses números que mostramos são reais, baseados nas informações que temos até o momento. E, com esses dados, podemos perceber como a inflação tem realmente afetado o poder de compra ao longo dos anos.

Inflação ao longo do Plano Real

Para finalizarmos este post com chave de ouro, criei um histograma. De forma simples, um histograma é um gráfico que mostra a distribuição de dados ao longo do tempo, permitindo visualizar em que intervalos as informações estão mais concentradas. No caso, ele mostra a distribuição da inflação entre agosto de 1994 e outubro de 2024. Veja o gráfico abaixo.

Analisando o gráfico, podemos ver que a maior parte dos dados (de um total de 363 meses) está concentrada entre 0,28% e 0,52% de inflação (106 vezes). Em seguida, temos a faixa entre 0,52% e 0,76% (76 vezes) e, por último, entre 0,04% e 0,28% (66 vezes). Ou seja, a maior parte da inflação esteve entre esses percentuais.

Então, se observarmos as extremidades do gráfico, à esquerda, vemos uma pequena parte em que houve deflação, ou seja, a inflação caiu (deixei na cor verde para facilitar a visualização) E, na extrema direita, onde a inflação foi superior a 1,7%, o número de vezes foi bem menor. Isso nos mostra que, na maior parte do tempo, a inflação ficou entre 0,04% e 1%. E mesmo assim acumulamos uma inflação de 720,7782%.

Agora, uma pergunta que deixo para reflexão: considerando esse comportamento da inflação, será que ela sempre foi controlada ou, quem sabe, manipulada? Essa é uma questão que cada um pode interpretar à sua maneira, mas o que sabemos é que os dados mostram um padrão bem definido para um país, de forma geral, corrupto e que não deixa a linha da pobreza.

Por isso, investir em uma formação de finanças, ajuda a minimizar os impactos que estamos sujeitos e não temos controle. Não temos controle sobre a Inflação e outros temas, porém, temos controle como fazemos as coisas, como compramos, investimos, emprestamos, financiamos bens e serviços, e muito mais. A decisão é somente sua! Ficar em um barquinho no meio do oceano esperando o vento e as ondas te levarem para onde eles quiserem ou ter um navio com controle total para te guiar para onde você desejar.

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